segunda-feira

Viver no olho do furacão

Para quem não saiba, vivi numa aldeia no interior de Portugal de 2016 a 2021, juntamente com a minha mulher e os nossos filhos. Foram 5 anos agridoces. A ideia pareceu-nos bonita e achámos que seria o momento certo para dar esse passo, e lá fomos. A aldeia tinha cerca de 80 pessoas a viver junto ao centro histórico, não tinha mercearia, multibanco ou mesmo um café mais convencional. Mas tinha várias fontes de água extraordinária, tinha praia fluvial e um castelo. Estou a escrever no passado mas pelo que sei continua tudo sensivelmente igual. Para quem nasceu e foi criado em Lisboa e/ou Cascais, foi desafiante. Acho que o pior, principalmente para um casal com 3 filhos pequenos, foi a distância da restante família e, no fim, talvez tenha sido isso mesmo a pesar mais no nosso regresso: estávamos a quase 300 kms dos parentes. Valeu-nos a família que criámos por lá com amigos improváveis. Viemos. E ao fim de 16 meses a viver por Cascais habita-nos uma certeza: ainda não é aqui! Viver no campo deixou-nos marcas mais profundas do que julgávamos. Agora sabemos melhor: não queremos ir para demasiado longe e para um lugar demasiado "vazio mas não queremos viver num lugar de eternos estranhos, num lugar demasiado caro e num lugar tão cinzentão. Andar com a casa às costas custa e com 3 filhos pequenos custa ainda mais, por isso sabemos que a mudança acontecerá no momento certo, sem correrias e dúvidas. Iremos quando soprar o nosso vento calmo e deixaremos para trás estes ventos de furação que leva tudo em todos sem consideração.

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